quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Solidariedade X charlatanismo


Solidariedade X charlatanismo.

            Na essência do ser humano existe uma centelha do ser divino que o torna bom.  Em geral, as pessoas são boas, solidárias, sentimentais. No entanto a nossa sociedade evidencia as anomalias com mais frequências. Não é de se estranhar que no período da Semana Santa, a sexta-feira da paixão seja o dia recorde de público na liturgia da Igreja, ou seja,  as pessoas são movidas mais pela dor, pelo sofrimento, que pela vitória e ressurreição.
            Estamos acostumados a vê em nosso país, sobretudo nas pequenas cidades  nordestinas, pessoas pedindo ajudas para resolver supostas questões de doenças. Essas pessoas geralmente chegam às cidades com uma grande estrutura: Carro bom, bom serviço de som, locutor, motorista e acompanhantes de alguém que supostamente está sofrendo muito com uma determinada doença. Os moradores dessas localidades, movidos por um sentimento de solidariedade, ajudam como podem. Incrivelmente, a maioria destes  fatos ocorrem com mais frequência em períodos de quaresmas, pois a população, quase sempre está mais aberta à caridade.
O que há de errado nisto?
O fato de ninguém questionar quem são aquelas pessoas: De onde veem, o período em que a pessoa tornou-se paciente, em fim, tomar conhecimento da situação! Onde aquelas pessoas residem se não há a presença do Estado, do Poder Público; Se há, então porque elas não são atendidas em suas localidades?
Como fazem esses profissionais das esmolas para manter a estrutura que os levam de cidade em cidades?
            Eu, José Januário de Oliveira Neto, sou teólogo, consciente. Sinto-me uma pessoa de Deus. Sou proprietário de um veículo de som.  Certa feita, uma senhora que vive dessa prática que considero ilícita, me fez a proposta de trabalhar uma hora com a equipe dela, eu a perguntei se ela, a senhora, sempre agia dessa forma, ela me respondeu que, em cada cidade em que chega, aluga carros de som para pedir. Eu arranjei uma desculpa e me neguei a realizar aquele serviço de propaganda. Porém, no dia 27 de fevereiro de 2012, um colega me pediu uma ajuda para um amigo que estava necessitado, na oportunidade eu estava sem dinheiro, mas lhe ofereci o serviço de som para que o mesmo efetuasse a sua campanha com sucesso. De pronto ele aceitou e marcamos para as dezesseis horas. Não precisou sair da rua em que iniciamos a divulgação para que dezenas de pessoas viessem ajudar. Só neste momento é que me toquei da atitude que estava realizando, então comentei com o colega que iria primeiro pedir a autorização do Promotor para realizar tal campanha. Dessa forma, eu evitei corroborar com atitudes que não concordo. Eu não conheço o amigo do amigo, não sei da real situação e não posso manipular a boa fé da nossa população. Outro sim existe muitos charlatões fazendo uso dessa prática. Creio não ser o caso do meu amigo, contudo, preferir evitar.
             O Próximo, de que fala a parábola do bom samaritano, (Lc. 10, 25-37) é literalmente o próximo e não alguém distante! Sem duvidas, próximo aonde você reside, há alguém que está precisando do teu apoio, da tua bondade, da tua solidariedade e como é que você vai colaborar com alguém distante que não conhece!
            A minha mãe é bastante devota, envia dinheiro mensalmente para uma comunidade católica do Rio Grande do Sul. Eu sou veementemente contra! Pois seria mais valiosa a oferta, se ela pudesse ajudar as pessoas carentes que moram próximo a casa dela.
            Não pretendo com esse entendimento, diminuir a caridade entre as pessoas de boa fé. Existem casos especiais em que faz-se necessária ações  mais amplas da coletividade, como é no caso das grandes catástrofes ambientais. Contudo, entendo que, precisamos aprimorar o nosso modo de ajudar ao próximo. Já imaginou, se cada um ajudasse ao seu próximo: Haveria tantas desigualdades, desordens, roubos, assassinatos, charlatões, “religiões”? Os homens seriam mais humanos. Pagamos uma carga tributária bastante alta e não podemos continuar sendo vítimas dessa gente que não tem coragem de trabalhar e assim como a maior parte dos políticos, deste País, arranjam uma forma fácil de angariar recursos.                                                              Januário Neto.

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